Afronegócio

Baianas de Acarajé: patrimônio cultural de fé e resistência
Postado em: 12 de Novembro de 2025 às 15:46 Por Redação
Você já ouviu falar das Baianas de Acarajé?
Essa tradição, levada de geração em geração, traz consigo mais do que o alimento: é fé, resistência afro-brasileira e patrimônio cultural.
Hoje, trazemos uma história que representa muito bem isso.
É a história do Acarajé da Vilma, um pequeno negócio familiar em Salvador que resiste aos desafios do afroempreendedorismo feminino, mantendo a ancestralidade no modo de fazer e de vender.
Continue a leitura para conhecer a Vilma Ferreira dos Santos e o que há de tão especial no Acarajé da Vilma, tão intimamente ligado às Baianas de Acarajé.
Baianas de Acarajé: começando do princípio

O Acarajé da Vilma começou como muitos negócios: a partir da necessidade de sustentar uma família.
Vilma Ferreira, 60 anos e moradora de Salvador (BA), é a mais velha de 16 filhos. Ela aprendeu o ofício das Baianas de Acarajé com sua tia avó, “titia Felícia”.
Titia Felícia, por sua vez, aprendeu o ofício dentro do Candomblé e foi trabalhar em Brasília. Isso na década de 70.
Ao retornar a Salvador para visitar a família, a encontrou passando dificuldades de necessidades básicas.
Felícia, vendo a família em uma situação difícil, ensinou o ofício para a sobrinha, que o repassou para a filha Vilma.
Assim, a família começou os trabalhos de Baianas de Acarajé, com o tabuleiro tradicional.
“Saímos da extrema pobreza e conquistamos a independência financeira”.
Desde então, Vilma e as famíliares mantêm viva a tradição das Baianas de Acarajé. O legado tem sido passado adiante, de geração em geração:
“Pensando desde do início, estamos na quinta geração, indo para sexta geração com nascimento da minha neta Zuri e sobrinhos, que também fazem parte desse legado familiar”, reflete Vilma.
Mais do que legado, esse ofício representa, para Vilma, as mulheres vindas de África que trouxeram consigo a cultura, luta e amor pela cozinha, que possibilitaram a compra da própria alforria.
“Respeita a religião de matriz africana, o Candomblé, especificamente Iansã, que representa a Orixá que fazemos o bolo de fogo, o mais conhecido acarajé”, complementa.
Sobre a questão cultural e religiosa das Baianas de Acarajé, Vilma ainda explica que cada alimento dentro do tabuleiro representa um Orixá, segundo as religiões de matriz africana.
De acordo com ela, o próprio acarajé é comida de Oyá, cujo dia é a quarta-feira, quando se inicia a venda do tabuleiro, seguindo a tradição.
Baianas de Acarajé: desafios de um patrimônio cultural imaterial

Desde 2005, as Baianas de Acarajé são Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
Sobre isso, Vilma reflete que todo reconhecimento é válido. Porém, ela ressalta que existe uma diferença desse reconhecimento quando se trata das Baianas dos centros e dos bairros das periferias.
“Eu sou a baiana do bairro da periferia. Para essa mudança vir até onde estou localizada, não sei se geraria lucro ou atração cultural para o público que hoje preside a Associação de Baianas de Acarajé e a própria prefeitura. Até o momento, aguardamos essas mudanças ou diálogo para que possamos ser ouvidas e trazer melhorias para nosso ofício”, pontua.
Os desafios não param por aí. Vilma conta que o aumento nos preços das matérias-primas, principalmente do azeite de dendê, é um obstáculo.
Apesar do Acarajé da Vilma estar se adaptando à evolução do mercado, outro desafio que ele enfrenta é a preferência dos clientes pelos aplicativos de entrega.
“Deixando aquele bate-papo, aquele sorriso da baiana atrás dos apps. Lembrando que a baiana de bairro é psicóloga, conselheira, mãe e tia das pessoas que ali moram”, reflete Vilma.
Para contornar essa situação, Vilma esclarece que tem mudado as estratégias de vendas e comunicação, se inserindo em canais como Instagram, Facebook e WhatsApp.
Outro ponto desafiador é a representatividade das Baianas de Acarajé nas mídias, que Vilma enxerga como “estereotipada”.
De acordo com ela, a mídia ainda não conseguiu passar a realidade das pessoas que exercem esse ofício: profissionais que enfrentam dificuldades logísticas, sanitárias e de preconceitos.
“A Baiana de Acarajé é a personificação da resistência afro-brasileira, mas sua representação idealizada muitas vezes precisa ser confrontada com a realidade de ser uma mulher negra, trabalhadora e praticante de uma religião de matriz africana no espaço público”, resume.
Para combater esse estereótipo, Vilma traz a conscientização como possível solução:
“Ao comprar um acarajé de uma baiana tradicional, você não está apenas comprando um lanche; está honrando uma história de resistência, respeitando uma fé e sustentando um Patrimônio Cultural vivo do Brasil”.
Refletindo sobre seu ofício e reforçando o papel da fé nele, Vilma declara orgulhosa:
"Ser uma Baiana de Acarajé hoje é ser uma mulher forte, a personificação da fé, uma empreendedora histórica e a guardiã viva de uma das tradições mais importantes e saborosas do Brasil. É ser uma voz silenciosa, mas poderosa, da ancestralidade".
Vilma segue firme em seu propósito de levar adiante o legado do Acarajé da Vilma, agora com o sonho de criar o Restaurante da Vilma, um espaço onde tradição, sabor e afeto continuarão lado a lado.
Com fé, resistência e o dendê que marca sua história, ela convida todos a provar seu acarajé e fazer parte dessa trajetória de coragem e devoção.
Confira mais conteúdos em nosso blog. E acompanhe cursos e mentorias gratuitos, sem sair de casa, clicando aqui. Conheça também histórias de afroempreendedores de sucesso na nossa página Afronegócio.
Recentes
Patrocinadores do programa Academia Assaí
Patrocinadores Pizzarias
Conteúdo patrocinado por:



Patrocinadores Padarias e Confeitarias
Conteúdo patrocinado por:



Patrocinadores Boleiros e Salgadeiros
Conteúdo patrocinado por:


Patrocinadores Todos podem Empreender
Conteúdo patrocinado por:


Patrocinadores Bares e Lanchonetes
Conteúdo patrocinado por:



Patrocinadores Dogueiros e Food trucks
Conteúdo patrocinado por:



Patrocinadores Minimercados e Mercearias
Conteúdo patrocinado por:



Patrocinadores Marketing e Vendas
Conteúdo patrocinado por:


Patrocinadores Vendas por Encomenda
Conteúdo patrocinado por:


Patrocinadores Ambulantes
Conteúdo patrocinado por:

Patrocinadores Gestão Financeira
Conteúdo patrocinado por:


Patrocinadores Restaurantes
Conteúdo patrocinado por:



Patrocinadores Empreender na Prática
Conteúdo patrocinado por:





